segunda-feira, 27 de junho de 2011

CoMPaRTiLhanDo...


Religiões à parte, não dá para negar que o texto bíblico influenciou – e ainda influencia – os rumos da civilização ocidental, especialmente em termos de valores. E também é verdade que, ao longo de tanto tempo, o “Livro Sagrado” foi interpretado e traduzido de diversas maneiras, inclusive com certos interesses por trás dos termos escolhidos.
Por isso, o argentino, músico e psicoquirólogo Nachman Szmulewicz, mais conhecido como Maharaja, resolveu traduzir – palavra por palavra – do hebraico para o Português, os sete primeiros capítulos do Gênesis, Antigo Testamento, e descobriu algumas coisas interessantes, que poderiam ter mudado a História:
1. O texto do Gênesis diz que Eva foi feita ao lado de Adão e ao mesmo tempo que ele, e não de sua costela. Talvez o machismo e a violência contra as mulheres não estivessem tão presentes na sociedade, ainda hoje, se essa interpretação tivesse sido difundida pelos cristãos.
2. A proposta inicial de Deus era a de que os homens fossem vegetarianos, segundo a passagem que só se refere aos vegetais para saciar a fome do homem. A Amazônia agradece a tradução e adverte que bois não combinam com florestas.
3. O termo lmemshelet, traduzido como “dominar”, na realidade quer dizer apenas “governar”. A palavra muda completamente o entendimento sobre as relações de poder estabelecidas pela humanidade nos últimos mais de 2 mil anos.
4. Isso também vale para a relação dos seres humanos com as plantas e os animais. Deus explica a Adão sobre a Lei de Causa e Efeito (muito antes de alguém pensar no filme “O Segredo”!!!) e o orienta a cuidar da Terra e de todos os seus seres vivos e a ser responsável pelo clima, o ar e os mares.
Pois é… e ainda tem quem diga que o conceito de sustentabilidade é algo novo e difícil de ser entendido…
5. Outro ponto que, apesar de não ter a ver com sustentabilidade, é muito útil que se torne público é o fato de que o celibato era condenado e o sexo, visto como uma maneira divina de dar continuidade à vida. Segundo Maharaja, quando o Gênesis diz que Adão “conheceu” Eva, está implícito – sem tom pejorativo, ressalta o autor – que, na verdade, o que ele fez mesmo foi “comer” a moça.
Amém!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

oBsERvAndo as CarrUaGenS... II

PENSAR É TRANSGREDIR
Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos — para não morrermos soterrados na poeira da banalidade embora pareça que ainda estamos vivos.
Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece: porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido.
Para reinventar-se é preciso pensar: isso aprendi muito cedo.
Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma essência: isso, mais ou menos, sou eu. Isso é o que eu queria ser, acredito ser, quero me tornar ou já fui. Muita inquietação por baixo das águas do cotidiano. Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante: "Parar pra pensar, nem pensar!"
O problema é que quando menos se espera ele chega, o sorrateiro pensamento que nos faz parar. Pode ser no meio do shopping, no trânsito, na frente da tevê ou do computador. Simplesmente escovando os dentes. Ou na do desafeto, do rancor, da lamúria, da hesitação e da resignação.
Sem ter programado, a gente pára pra pensar.
Pode ser um susto: como espiar de um berçário confortável para um corredor com mil possibilidades. Cada porta, uma escolha. Muitas vão se abrir para um nada ou para algum absurdo. Outras, para um jardim de promessas. Alguma, para a noite além da cerca. Hora de tirar os disfarces, aposentar as máscaras e reavaliar: reavaliar-se.
Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto.
Somos demasiado frívolos: buscamos o atordoamento das mil distrações, corremos de um lado a outro achando que somos grandes cumpridores de tarefas. Quando o primeiro dever seria de vez em quando parar e analisar: quem a gente é, o que fazemos com a nossa vida, o tempo, os amores. E com as obrigações também, é claro, pois não temos sempre cinco anos de idade, quando a prioridade absoluta é dormir abraçado no urso de pelúcia e prosseguir, no sono, o sonho que afinal nessa idade ainda é a vida.
Mas pensar não é apenas a ameaça de enfrentar a alma no espelho: é sair para as varandas de si mesmo e olhar em torno, e quem sabe finalmente respirar.
Compreender: somos inquilinos de algo bem maior do que o nosso pequeno segredo individual. É o poderoso ciclo da existência. Nele todos os desastres e toda a beleza têm significado como fases de um processo.
Se nos escondermos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo. Nem compreenderemos que o prato das inevitáveis perdas pode pesar menos do que o dos possíveis ganhos.
Os ganhos ou os danos dependem da perspectiva e possibilidades de quem vai tecendo a sua história. O mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem. 
Viver, como talvez morrer, é recriar-se: a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada. Eventualmente reprogramada. Conscientemente executada. Muitas vezes, ousada. 
Parece fácil: "escrever a respeito das coisas é fácil", já me disseram. Eu sei. Mas não é preciso realizar nada de espetacular, nem desejar nada excepcional. Não é preciso nem mesmo ser brilhante, importante, admirado.
Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado; e amar; e amar-se. Ter esperança; qualquer esperança.
Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez. Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade.
Sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a pena. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for.
E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer.
Lya Luft

domingo, 12 de junho de 2011

sobre PerFumEs e cHicLetEs ...


Hoje é o DIA DOS NAMORADOS e os corações angustiados e solitários estão assim porque querem - pelo menos, se o freguês acreditar nos pais e mães de tudo quanto é tipo de santo que tomam conta dos classificados dos jornais. 
Do 'perfume da atração' ao 'chiclete da amarração', passando pelo 'sabonete da gamação', não faltam artimanhas para trazer a pessoa amada em questão de horas (porque essa coisa de 3 dias está totalmente ultrapassada).
O pai Sergio Duarte de Souza de Ogum, que se autodenomina o 'fenômeno' - ou 'o babalorixá do momento' - vende chicletes, perfumes, sabonetes e a... bala da paixão! Aquela que 'deixa o amor debaixo dos seus pés'. O danado promete ainda trazer a pessoa amada de qualquer lugar (!!!) em 5 horas!
Pai Sergio para presidente da Infraero, já!
A concorrência é acirrada. O 'grandioso pai Bruno da Pombagira' - que se apresenta como a 'única celebridade do espiritismo' - promete o amor em 3 horas e garante ser ele o dono do 'verdadeiro perfume da atração'.
O tal perfume deve ser mais difícil de achar que o salário dos bombeiros. 
A Casa Lúcifer (?) reivindica ter o único e 'legítimo perfume da atração', além de prometer consultas com o próprio (?)... 
A casa garante ser capaz de até... 'fazer seu amor ficar impotente' para as outras mulheres!!
Sei não... Se não é caso para o Dia dos Namorados, talvez seja para a polícia... 
(Berenice Seara)

sábado, 11 de junho de 2011

CoMPaRTiLhanDo ...

 

Você sabe ou você sente?


Você já reparou o quanto as pessoas falam dos outros? Falam de tudo.

Da moral, do comportamento, dos sentimentos, das reações, dos medos, das imperfeições, dos erros, das criancices, das ranzinzices, das chatices, das mesmices, das grandezas, dos feitos, dos espantos.

Sobre tudo falam do comportamento. E falam porque 'supõem' saber. Mas não sabem. Porque jamais foram capazes de 'sentir' como o outro sente.

Se sentissem não falariam. Só pode falar da dor de perder um filho, um pai que já perdeu ou a mãe já ferida por tal amputação de vida. Dou esse exemplo extremo porque ele ilustra melhor.

As pessoas falam da reação das outras e do comportamento delas quase sempre sem jamais terem sentido o que elas sentiram. Mas sentir o que o outro sente não significa sentir por ele. Isso é masoquismo.

Significa 'perceber' o que ele sente e ser suficientemente forte para ajudá-lo exatamente pela capacidade de não se contaminar com o que o machucou. Se nos deixarmos contaminar (fecundar?) pelo sentimento que o outro está sentindo, como teremos forças para ajudá-lo?

Só quem já foi capaz de 'sentir' os muitos sentimentos do mundo é capaz de saber algo sobre as outras pessoas e aceitá-las, com tolerância.

Sentir os muitos sentimentos do mundo não é ser uma caixa de sofrimentos. Isso é ser infeliz.

Sentir os muitos sentimentos do mundo é 'abrir-se' a qualquer forma de sentimento. É analisá-los interiormente, deixar todos os sentimentos de que somos dotados fluir sem barreiras, sem medos.

Os maus, os bons, os pérfidos, os sórdidos, os baixos, os elevados, os mais puros, os melhores, os santos.

Só quem deixou fluir sem barreiras, medos e defesas todos os próprios sentimentos, pode sabe-los, de senti-los no próximo.

Espere florescer a árvore do próprio sentimento.

Vivendo, aceitando as podas da realidade e se possível fecundando.

A verdade é que só sabemos o que já sentimos.

Podemos intuir, perceber, atinar; podemos até, conhecer. Mas saber jamais.

Só se sabe aquilo que já se sentiu.

(Arthur da Távola)